Segurar a alma. Segurar a alma, num tocar eterno, deslizar no nada, fazendo de conta que ele não existe. Nada mudaria a existência do nada. Segurar a alma, num tocar eterno, e sentir apenas o nada, é porque existo. Existo sem tocar a alma, me segurando para não tocá-la, amá-la em mim. Me seguro, deixo a alma desabar, para atingir o nada no fundo, tudo o atinge, por isso é o nada, onde consigo tocar a minha alma, num tocar eterno, onde transcende o nada, a ponto de eu deixar de ser eu, mas não estou além do nada. Segurar a alma, num tocar eterno, onde não há mais eu, vida, morte, alma. Há apenas esse tocar eterno, onde nada existe pelo tocar eterno, foi confundido com um adeus. Permanecer é não tocar na alma, fragmentos de mim. As mãos têm sede de alma, na alma, onde a sede é maior que a própria sede. Mãos que elaboram a sede, tocando vida. Ao tocar a vida, sei que jamais irei tocar a alma. A alma me toca, sem poesia, na transparência do nada. Essa transparência é mais do que tocar a minha vida, a minha alma: é a minha morte, na transparência do nada, dentro da minha morte. Posso dividir minha vida apenas com a minha morte. O tocar se torna minha pele, meu respirar, onde sou o único infinito, talvez isso seja amor! Tocar a alma se realiza com a morte da alma, onde a vida pode ao menos se despedir de mim, pelo infinito da alma, que é a sua vida, o seu amor!