A distância se tornou intensa, como um momento eterno de um instante, que é amor. Eu não vivo o instante, acaba rápido, eu vivo o amor de um instante. A eternidade se perde num único instante de amor.
Um momento para o instante |
Um momento para o instanteA distância se tornou intensa, como um momento eterno de um instante, que é amor. Eu não vivo o instante, acaba rápido, eu vivo o amor de um instante. A eternidade se perde num único instante de amor. |
O ser é o tempo de si mesmoA vida não nasceu, mas respiro, como se a vida já tivesse nascido. Nasceu mais do que a vida, nasceu o ser, sendo o tempo de si mesmo. Um tempo sem vida, feito de ser. Cada vez que respiro, a vida se distancia dentro e fora de mim. |
A apreensão do outro na minha apreensãoO sonho de ser não acaba rápido como o ser. A alma se entristece a si mesma, como se fosse eu a sofrer. Meu amor é puro demais para amar, mas eu amo! O infinito é pouco amor, o amor é muito quando é o fim. Fiz da ausência amor. Eu era apenas uma poesia, afastada da vida, não vivi o amor, vivi a ausência do amor, assim a minha presença me espera, sem ausências, no silêncio eterno, pleno de amor. |
As marcas que deixei me deixaram marcadaNão sei quando minha vida acaba, mas sei que acaba nas marcas que deixei. Consigo viver apenas na ausência, que é o sofrer da solidão, onde cessa minha solidão. Vivi tanto, que não deu tempo ser eu. |
Poema retalhado (feito de retalhos)Tirar a ausência da ausência é como tirar o céu do céu, pelo retalho do poema. Nada será como antes, mas é melhor agora, que não posso esquecer o poema, que são apenas retalhos do poema. O poema nunca está inteiro; se fosse inteiro, seria só. O fim do poema é o começo de viver, onde não preciso de explicações para viver, basta chorar pelo poema, pela vida, e tudo flui. Fluir é mágoa que conforta. |
Sentimento amordaçadoA vida consegue esperar que eu seja eu, no sentimento amordaçado de viver. Existir é a continuação da vida. As certezas que tenho são amar. O sentimento tenta me dizer algo que eu não conheça, conheço-me melhor do que o meu sentimento me conhece. Quero ter a vida de novo, como se nunca a tivesse perdido. Viver me curou de sofrer. Nada mais existe além da minha alegria. O sol se aproxima do mar, enaltecendo meu amor. Há algo além do mar? Nada sinto longe do mar, é como se a vida fosse um sonho do mar. |
Ausências a se realizaremA ausência da vida é a vida do meu corpo. Ausências que não se realizam deixam de ser vida, tornam-se nós duas. Duas ausências, numa dor de morte. Não conseguem sofrer juntas. Nada se vive sem ausência. A ausência tem razões que a ausência desconhece. Se a lembrança é uma ausência perdida dentro de mim, melhor não lembrar, para que a ausência não se sinta perdida em mim. |
Quando sinto o sonho, a realidade apareceVidas emprestadas pela inacessibilidade da alma. A alma é o espanto de um vazio. Fui derrotada pelo amor. A vitória dói por dentro, como um sentir que se desprende da vida, do amor, para se sentir. O sentir existe no vazio do amor. Decorar a vida com o ser, verdadeiro ser, que não se encontra em alguém, encontra-se em ninguém, como sendo além da vida, do amor, do ser. O que posso escrever que seja como o voar de um sentimento, que não tem aonde ir, além dos meus caminhos, minhas ideias? Tudo desaparece na ideia de ser, como um sentimento que dura eternamente, como sendo o último sol, a última vida, para que tudo seja apenas o sentimento que desce como alma no meu amor. |
Recuo ao infinitoTentei amar sem o infinito recuando no que sou. Recuar é a falta do nada. Estou tão feliz em amar, que amo até a falta de amor, mas não aceito a distância da vida, perto, mesmo sem amor. A distância destrói a alma, não o amor. Para amar, tem que querer amar. Amor pode ser um adeus à vida. O amor é o que eu quiser. O silêncio recolhe a morte do amor, torna-a sombras do nada. O amor, reconhecimento eterno de depois, onde a sombra do nada é a única realidade de que necessito para viver. Não há sombras do nada sem a morte. Fazer da sombra do nada vida é um recuo ao infinito. Mas não posso recuar no que sou. Ser é sem infinito, sem esperança, mas me faz tão feliz, que, sufocada de alegria, vi que posso resistir a viver, ser a esperança de viver é melhor do que viver. Esperança não é vida, mas me cura da vida. Amor é deixar de viver, pela esperança de algo mais, pode ser o futuro, pode ser amor, pode ser o nada, que a vida não pode me oferecer, nem mesmo me amando. O que seria do amor sem o nada? E se eu for esse nada a amar? Não importa, importa apenas a alegria, que ela não seja o infinito da solidão. Tento me ver no meu amor, vejo a solidão me sorrir, sendo companhia eterna. Não consigo sorrir, a solidão sorri por ela e por mim, é por isso que a vida parece infinita. Vivo para uma vida que morreu. Foi aí que percebi que palavras são apenas palavras, eu sou apenas eu. Pensei que tinha recuado, mas continuei, sendo o infinito de todos que amo. Talvez isto seja viver: continuar. Sendo nós mesmos, estamos continuando, perdendo tudo neste continuar, que nos deixa puros para saber que Deus existe, é por isso que continuamos. |
Vidas que respiramExisto fora de mim, não me falta o amor, mas, quando olho para mim, vejo apenas amor. Morri, por ser mais que a vida; por essa superação, a vida ficou sem mundo. Respirar, canção que não se escuta. Se eu não sentir meu respirar, é porque estou vivendo. |