Vida, se fosse minha, não se perderia. Florescer na morte é nunca dizer adeus ao amor. Aproximar a realidade do real em mim é sufocar esse amor. A ternura sem o amor afasta o corpo da alma, mas essa separação cessou em viver. Tudo na alma é perdido como amor. O amor dá vida ao silêncio, ao ar que respiro. O amor machuca a alma. Meu ser não se acostuma a ser amado. O adeus interior é amor. Não posso afastar o adeus interior, deixei o adeus interior como se deixa a vida. Não tenho necessidade nenhuma, mesmo assim sonho, como se tivesse a necessidade de sonhar. E se a própria necessidade de sonhar for um sonho? Se me faltam sonhos, imagino-me a sonhar. O amor rouba a alma, o espírito, a paz. Sem nada, vejo que a paz não depende de ter, mas de perder, mesmo que seja a vida, o que perco, nada está perdido por perder. Apenas o silêncio na verdade de ser pode recuperar a vida. Será a minha verdade a verdade de Deus? A morte é uma verdade distante de si mesma.
O silêncio da verdade |