Não existe prelúdio sem o que já aconteceu, assim como não existe vida sem a verdade. Se nada existe na morte, para que existe morte? Eu posso me esquecer sem morrer. Existir, para depois ser eu, pela vida ou pela morte. É preciso vida para morrer. Afastar o ser do não ser é não ter alma, beleza, de ver o sol no sol. Não deixo o sol ser o que vejo, deixo sua luz na falta do meu olhar. Estamos amando pela igualdade do nosso amor. Somos iguais, na luz da escuridão. Quero que não anoiteça em mim. O amanhecer mais perfeito é o do desespero. O que acontece não é prelúdio, é o ser. O ser nunca acontece, nem será o acontecer de alguém. Não importa o ser, ele nasce num prelúdio nada de ser. Morrer é abandonar o infinito, como sendo a busca do que encontrei. O ser é finito apenas para si; para a vida, ele é infinito, como sendo a vida que não aconteceu por ser infinita. O céu espera ser de todas as cores. O infinito é o fim do sol. A certeza de iluminar não ilumina. A luz são as incertezas, que me devolvem o meu olhar. Se eu morrer na incerteza de morrer, minhas incertezas cessam. A falta de ausências é minha única certeza. Tudo existe, para ser descoberta a ausência, como uma luz na luz. Luz que existe apenas ausente. Na luz, a sombra é o nada; na escuridão, a sombra é tudo que existe além do ser, além da luz. Além da luz, existe o ser na sua sombra, podendo viver da sua própria solidão. A luz me faz ver coisas que não existem, por isso se explicam só. Explicar é a luz que esclarece a escuridão. A luz é pequena nos olhos, grande na alma. A alma necessita de luz e escuridão, a luz e a escuridão são a realidade e o sonho da alma. Sem sonhos e realidade, não haveria luz nem escuridão. Esse é o verdadeiro nada. O nada substitui a vida. Como sinto falta da escuridão e da luz da vida, onde podia sonhar com a vida, sem estar dentro dos meus sonhos. Sonhar, acontecer do nada, prelúdio de amor.
Prelúdio (sinal ou indício do que vai acontecer, continuar) |