Minha alma inerte num corpo inerte, onde seu único movimento foi o de morrer. Amo os corpos imaginários, eles existem dentro do meu corpo, sem imaginação para morrer. Um corpo noutro corpo é a alma.
Separar a alma da alma |
Separar a alma da almaMinha alma inerte num corpo inerte, onde seu único movimento foi o de morrer. Amo os corpos imaginários, eles existem dentro do meu corpo, sem imaginação para morrer. Um corpo noutro corpo é a alma. |
DesatençãoQuis escrever, mas senti saudade do nada, como se fosse teu sorrir para as palavras. Cada instante para mim é feliz, não é só. Vou perdendo a tristeza, me afundando em alegrias desprotegidas, sem precisar de alegria ou tristezas, sentir, são apenas palavras, onde não quero ser descritível como a vida. Sei que não morri no fim. O que continua morrendo é a minha ilusão, o luto da ilusão é feliz. Cantei a ilusão que não sinto, disfarcei-me de amor. Amor, sinto no meu rosto, na pele sofrida de ser tocada com amor em abraços invisíveis, por isso infinitos, como a chuva que passa e retorna como sol. |
Estou viva demais para viverVivo principalmente o fim, que também é vida, mas é uma vida mais feliz. Deixar a escuridão penetrar em mim para sentir melhor a vida na sua própria escuridão. A escuridão não é o fundo do abismo, é a saída do abismo que me tornou eu. Eu sou apenas este sair de um abismo para passar a vida procurando o abismo. É como nascer infinitamente do que me deixa só. |
Livre como o amorMinhas mãos caminham na tua alma, mesmo assim me sinto livre como o amor. A significação da significação da vida pousa em minhas mãos sem se sentir. Sentindo-se nas minhas mãos, a significação da vida se perde de tanto amor! |
A paz de sofrer morrendoO que vai ser de mim em mim? Quero me preocupar apenas de morrer, sem me preocupar com o que vai ser da morte com a minha morte. Morta abraço mais do que o outro em mim, abraço a eternidade como sendo todos que amo e os que eu gostaria de amar. Sussurra dentro da minha voz o amor infinito de viver. A eternidade de ser se mistura com a eternidade. A eternidade não vai me esquecer, me deixar só na minha morte, mesmo sem ausências, mesmo num amor infinito. Lembre-se de mim, eternidade, meu interior é só, abandonado, necessita de ti para me fazer respirar amor, como se eu fosse a eternidade da eternidade. |
A criação está em mim mais do que a vidaNada há a criar na vida, por isso minha criação é comum: é apenas estar viva. Meu único olhar é o que imagino, até que eu não precise imaginar para ver. O sonho é um ser, mas o ser não é um sonho. Criei sonhos inexistentes de alma, por isso são eternos, intensos, como se a alma descesse do céu. |
Morte puraA sensação concreta não é vazia, é a morte pura, me elevando até as minhas faltas que são ausência de vida. Minhas faltas são mais essenciais que a vida. Será a vida apenas a falta de amor de alguém? Quem fica com minhas faltas, como se elas fossem uma morte pura? A vida deixa-se escapar num sol exposto ao nada. A ilusão do sol clareia o nada. Crio ilusões no nada. Falta no sol a ilusão do amanhecer, que devolve a vida para a vida. A vida é realizar o nada, mesmo que isso me custe a vida. |
Sorrir como o nadaSorrir como o nada que chora na sombra da minha ausência me faz despertar como nada. Nada pode faltar ao nada, tudo falta a mim. O amor não se demonstra sem o nada. A beleza do nada não é sua eternidade, sua eternidade é sua permanência. A lembrança é frágil sem o nada, ela bem que podia ser você. |
Exercer a almaExercer a alma com a alma dentro da alma, sem a dureza de amanhecer. Amanhecer é a palavra que faltava nas nossas ações para nos comunicar. Deixa a vida criar o amor por si mesma. A falta de vida são as ações nas palavras. As sensações são os vazios das palavras, como o sol a se pôr no amanhecer. Após a alma, as palavras dominaram a vida, se tornaram um amor universal, com o consentimento da alma e a resignação de cada palavra, num amor que resplandece em chamas no meu olhar. |
Me escute em poesias olhando o infinitoO eterno no ser é o nada, por isso me escute em poesias, olhando o infinito. O depois é sem realidade, mas o depois no ser é real. Consigo amar o depois de ser como se fosse o depois no ser. O ser é para si a falta de um depois, por estar num depois sem o ser. O depois é o meu amor, que pode nem acontecer. Todo acontecer acontece depois de acontecer. O sol ilumina um agora que nunca existe. Eu sou esse agora de mim. O tempo vem depois desse agora. Criei um tempo no agora por escrever. Escrever é o único agora. Me escute em poesias infinitamente, e o agora nascerá eterno, como se fosse o sol. Mas, se o agora for eterno, existirá eternidade para a minha poesia? Essa reflexão é toda a minha alma. |