A alma se perde fácil no vazio de ser, procuro-a sem encontrar. Nem com a minha morte encontrarei minha alma, ela está perdida num amor sem fim. Perdida num mundo sem mundo, onde nada tem fim. Essa é a infinitude da falta de amor. Tento unir o nada à vida, mas o vazio não deixa. Não vou sofrer pela indeterminação do vazio. Vou torná-la minha determinação. O sofrer é indizível. Tudo espero do sofrer: a vida que nunca tive nem terei. Mas não preciso esperar pela vida que tenho. Tem almas que ainda esperam por mim, no que jamais será perdido: eu em mim. O entendimento humano da morte são abstrações da vida, onde o céu parece pequeno para tanta compreensão. O nada é a determinação da vida. Segurança eterna da falta de depois que não é ausência, é presença apenas de si mesma. Por isso, o ser pensa ausente. O seu pensar não está ausente, mas o pensar é ausência de morte. Mas o pensamento não pode ser minha vida. Eu sou a vida do meu pensamento, apenas eu posso fazê-lo feliz, no instante que se foi, por excesso de pensar. Pensar é o pensar partindo para que eu fique com o sentimento de pensar dentro de mim. Pensar faz eu me perder sem abismo, na luz do silêncio.
A indeterminação é o vazio |