O significar é uma vida: existe apenas na alma. Em mim o significar não precisa de significado, e sim de amor. O tempo, o vento carrega. E traz a consciência sem tempo, como se fosse a única vida, o único amor.
Em mim |
Em mimO significar é uma vida: existe apenas na alma. Em mim o significar não precisa de significado, e sim de amor. O tempo, o vento carrega. E traz a consciência sem tempo, como se fosse a única vida, o único amor. |
Amor corporalA morte é destruída pela minha corporalidade sem vida. Floresce o dia como mãos que somem o corpo, sombra da morte, não se pode perder: é a minha intimidade, sem mãos. Procuro minhas mãos, na poesia. |
No lugar do todoMeu ser ficou no lugar do todo, sofre pelo fim da consciência de mim, como se nunca tivesse existido o todo. O todo de cada um nunca será nada. Meu corpo, numa alma, estranha a ele, transcende para se dividir em alma. |
O nada puroO amor não é amor: é o que morre, antes do fim. O amor é o perdido, solto nas asas da imaginação: somente assim o perdido conhece a vida pelas suas perdas, que não me condena a eternidade da perda: me deu a eternidade do sol. O sol no nada puro da vida é desolação. Desolação pela alma: permanece alma mesmo sem desolação. O sorrir da alma me desvanece em ser. A vida é o tumulto da alma: habita em nós, conciliando o antes e o depois sem vida. O nada puro é uma oportunidade de viver sem a vida: assim me reconheço: onde transcender e apenas eu. |
Elevar a morteLevantar a morte do meu calvário. Meu tormento não chega ao tormento de viver. Quando vou ver? Quando cessar o amor? Na minha morte? O que ainda são os meus olhos? Viver não significa amor, o amor é mais do que eu, do que a vida. Eu espero amor, assim como eu espero dormir: a insônia não deixa. O corpo desvenda a alma, ao morrer. Estou dentro da alma, nunca dentro de mim. Negar a negação é o meu eu saindo de mim: sem alma. Minhas entranhas sem alma são a minha vida. |
SolidãoO amor me tornou eu: de tanto amor, não é mais amor: é solidão. Nada se pode viver na permanência, tudo se vive em solidão. |
IndividualidadeNão há consciência na consciência. A consciência é a morte. A realidade é o amor que sinto. Transmito com meu ser, a realidade que falta na realidade, por isso, é real: na vida que lhe falta. A realidade penetra na ausência da vida: não é mais realidade. A lembrança é realidade eterna e o fim do acontecer. Nada lembra do acontecer: nem ele mesmo se lembra dele, mas acontece como se soubesse de si. O acontecer é a ausência do nada no acontecer. O ser é o acontecer do real sem realidade. Mesmo a vida se entregando a mim. Nada acontece comigo. Lembro-me do nada acontecer como sendo a alma. A alma da vida perdida é esse acontecer. |
MomentosO amor da morte é o mesmo amor da vida. Um único amor é vida que conhece o mundo, sem demandas, expectativas. O amor começa a alma, cessa no coração. Chove amor, na ausência de adeus. Aprendi no adeus o respeito ao amor. A alma é exterior a mim, como certeza da vida. Se diz vida, sem propriedade, sem consistência, significado. Sentir, nada significa para o sentimento. O amor não percebe sua ausência. A falta de amor é amor sem ausência. Não dá para viver no ser: é o mesmo que morrer. |
A fala do nadaA necessidade dos sonhos é tornar o ser, um não ser por onde fala o nada: o sonho é a fala do nada, o existir do nada em mim. A fala, o nada, me mantém viva. |
CarênciaSupro a carência da vida, com a morte: é carência de morte. A vida é um suspiro para lembrar dessa longa morte, para ela entrar dentro do meu suspirar. A vida é amadora, ela não pode me fazer feliz. Mas eu satisfaço a vida, ao morrer. Unindo as carências, nada resta do amor. A carência do olhar me faz abrir os olhos, como se a carência fosse viver em mim sem morte, sem perdas: apenas reconciliações. Se a alma sair de dentro de mim, vou morrer: mesmo ainda sendo vida em mim. |