Prefiro morrer do que me abandonar. A morte é a minha vida. É mais difícil não pensar do que pensar. O nada de se morrer me faz pensar no meu pensamento, assim como a nuvem desliza no céu, é quando penso algo, que não seja eu. Meu pensamento é o outro em mim apenas no pensamento. O pensar é a verdade da alma. Olhar o nada como a mim mesma. A falta do olhar é falta de alma. Não me agradeço a mim, agradeço a alma. A alma é o movimento do mundo. O mundo, mesmo assim, se movimenta. O dormir da ausência é o ser, ausente da ausência. O silêncio é a alma sentindo falta de mim. Em mim, o silêncio não é silêncio, é apenas alma. Se eu soubesse silenciar, deixaria a alma para a alma? O que faria com a alma? Apenas acreditaria no silêncio? Ou duvidaria da alma? A alma não tem reação, parece não existir. Como saber se existe a alma? Pelo amor. A clareza do amor é sem alma. A alma é escuridão, mas a luz é a existência da alma. A alma nasceu para ser vista, admirada, como se a escuridão entrasse no sol, como salvação da alma. É oportuna essa salvação: dela nasceu o mundo! O nada de se morrer, é a morte do mundo. As flores não morrem pela sua beleza, e sim pelos sonhos serem feitos de flores. Busco uma consciência que me diga quem eu sou. Ser não é sou. Eu conheço o nada em mim. Nada faria sem o nada. Eu tive você em qualquer nada, qualquer vida, desde que não se afaste de mim. Temos vidas opostas. Agora quero uma vida de verdade. A alma apagou-se em vida. A alma é a abertura para a morte. Oscilei entre a vida e a morte. Escrever traz lucidez à morte. A saudade de morrer é como desfazer-me no amanhecer. A distância me sorri. Vida, onde está? A pele fica feliz no desconforto do corpo, onde estou viva no prazer de morrer. O respirar fere a alma. A determinação é morrer. Volte para mim, morte apressada, afogueada por existir para mim, como o suspirar do vento. A morte não atrapalha a vida. Acrescenta meu ser na morte. Suspirar traz o nada profundo, abandona o nada superficial. Jorrar a morte no mar da consciência, onde a alma não desce como sangue. A vida me vê sem morte. Alcanço o céu com a morte? Levitar como um sonho de morte é tornar a morte verdadeira em meu êxtase, meu prazer. A morte dá um significado à vida, mesmo sem ter um significado. A morte existe, alegria das minhas reflexões, é uma estrela de esperança, que caiu do céu em mim, como se eu estivesse com o corpo nu, a alma nua. A hora é da estrela, é da morte, do céu, é o firmamento do céu.
O nada de se morrer |