O fim, perto de mim, não é mais eu. Quero conhecer outros fins. Fins é uma maneira de ser apenas eu, sendo todos. Quero o fim de cada um em mim, se for a única forma de tê-los. Ter é para sempre nada. Nada sou por essa falta de poesia, onde as palavras sangram e existem. A palavra, nada existiu em palavras. Amo só, como se eu tivesse corpo para ser só. Ser só é a paz do nada. O que entorpece as palavras faz bem ao amor. Não há outro em mim, mas a falta do outro é o outro em mim. Em mim, a saudade é um descanso, para mim, para a eternidade. A vida é a preguiça da alma. O começo da saudade é o nada, o fim da saudade é o nada também. A aflição é a paz das almas. Nunca o pensar é suficiente, nem para em mim. O pensar é o contrário da saudade. Solidão é amor. Eu vim de um sono profundo para o despertar eterno, que é apenas ter a pureza do sol em cascatas de chuva pela cachoeira do vento. Assim, a superfície plena me devolve a poesia, num lamento profundo. Dilacero-me por ser o fim de uma poesia. A poesia não precisa do fim, e sim do infinito. Como compreender uma poesia sem o seu fim? É mais fácil criar sonhos do que poesia. É costume da poesia me olhar nos olhos, a alma não sabe da verdade do meu ser: a poesia. Os olhos escrevem ausências. Sinto perdão pelo que não vivi, mesmo ausente de ti, vida. A ausência é uma maneira da alma me perdoar, por não a amar. Amar minha alma é impossível, é como nunca chorar. O que restou da alma foi minha alegria. Alegrias de crescer no meu amor, nas minhas atitudes. Quero me ver crescendo, amadurecendo de solidão. Olhar o céu não é solidão, é plenitude. Quero expandir o céu de solidão. Ninguém acostuma a ser só. Dentro da solidão não há nada, nem tristeza. Não é triste ser só, é poético. Pouca alma para tanto amor. A vida é ambiguidade da alma. A vida tem vários sentidos, não estou em nenhum deles. O amor não é um sentido para a vida. O sentido da vida é sua essência, que foi ultrapassada pela sobrevivência. A calma vem dos conflitos. Meu conflito sou eu. Não sou o que me espera. Tenho a calma do vento corpóreo.
O que resta neste fim? |