Nada se foi sem o ser, apenas este agora é o ser. Não há ser no nada. Não sou no que me faz ser: a morte! O que fazer da morte passada, se o hoje também é morte, que sacrifica a vida no tempo do nada, para a vida poder ser essa lágrima, nada do nada. Eu quis ser o passado do hoje, não consegui, consegui apenas que o tempo fosse eterno, como é para os pássaros. Os volumes do tempo no meu olhar. Acreditei no que perdi por haver o tempo. Não há o tempo de morrer, há o ser do morrer. Refiz a vida de morte, de mim. Para que torturar o nada com meu amor, se ele já conhece? De que amor posso viver? A vida não tem continuidade no agora. O agora é sem vida: O agora é a essência da vida. O passado é o que houve sem essência, sem mortes. A vida pertence ao nada do ser. O reversível da morte é o tempo que vivo que não é o mesmo sem mim. O eu não existe, mas a alma do ser existe. Existir ou não existir depende de eu padecer como quem encontra a última palavra, para definir a vida, e age o oposto do significado da palavra. O significar é a própria palavra, é o amor que sinto nas palavras, silencia o mundo. O aparecer nunca é uma palavra. Para aparecer não é preciso uma aparência. A aparência sabe o que morrer nela. Nada se morre sem aparência. A aparência se divide entre o antes e o depois de se morrer, para meu ser não se decompor na morte, compondo sua vida. Vida de morte. O agora mantém a minha morte. Nada mais a sustenta. Queria morrer sem a morte. O ser, para morrer, necessita se esforçar muito. Tanto esforço para nada. Posso mudar de morte, com os fragmentos da minha alma. Mas que morte me satisfaria? O ofício de morrer é infinito. Meu olhar, minha alma ficam a boiar no infinito. Eu incorporo o infinito nesse agora. Não há mais infinito ou fim nesse agora.