O silêncio do silêncio é a voz da eternidade. O ser é o tempo que resta da vida. Me esquecer de ver é sem a força de um adeus.
O silêncio do silêncio |
O silêncio do silêncioO silêncio do silêncio é a voz da eternidade. O ser é o tempo que resta da vida. Me esquecer de ver é sem a força de um adeus. |
A ilusão da subjetividadeNada além… se os sentidos, não os sinto, é a vida a existir. Nada além do além. O além da minha alma é a minha morte. Meu ser é percebido pelo meu esquecer, continuidade de vida. Perceber é amar vendo. Ir além do ver é nada perceber, nada a amar. E, mesmo assim, morrer de amor. Tudo pode ser feito, apenas por amor. Ninguém veio saber de mim, do meu amor. Melhor seria nunca amar. Para sentir é preciso deixar de amar. Continuar em mim, em um céu de certezas, que torna a vida intolerável. Eu amo o amor no que ele não é capaz: de transcender. O inconsciente é o amor. Sonhar é entrar dentro do sonho, é desaparecer no sonho. O meu eu sem mim é o fim da eternidade. O fim na eternidade é o amor. |
MomentosSer percebida não é perceber. Os momentos param diante do sol, da vida, da conquista de viver. Meu ser, lembrança que não me torna eu, algo distante, inacessível, como o tocar do vento na minha pele e ali eu me descobrisse viver. Mas estou aqui, do outro lado do espelho. Momentos despedaçam o céu. Nuvens de ar clareiam o sol e carregam em si todo o esquecimento da vida, causado pelo amanhecer. Momentos são a distância da vida como alma. Essa distância não sou eu, é a vida perto de mim. Encostar na vida para descansar da vida é impossível. Impossível ver com minha alma, a vida. A vida é um amor que não precisa de alma, apenas necessita de tristezas para amar. O sol pesa na alma, é leve em ver. Pelos momentos, descubro o sol sem o amanhecer. A realidade escapa no amanhecer, cria poesia: voar eterno. O que não é pode ser, é a percepção de algo. Se é percebido, esse algo existe na percepção que faço dele. Estou na morte existente, não a percebo. A luz se abre em falta de esperança. Ainda procuro resistir a mim. Ser eu é o fim do que acredito, fim das minhas lutas interiores e exteriores também. Meu ser não pode acabar com a vida. Não é a vida, é a mim que procuro ao soltar meu corpo da vida. Nada posso ter da alma: mesmo assim, ela é minha. A morte é invisível no sentir morrer, é invisível, como ar que se aproxima. O ar é visível no amor. Consertar o nada como nada. Pelo invisível, vou viver. Não consigo ser invisível: vivo como se fosse. Sou invisível para o meu amor. A alma é meu verdadeiro eu: por isso, sou imortal: pela alma. A vida é invariável. O mar se revolta calmo. A monotonia da vida me causa amor. As palavras de sempre me surpreendem de amor: estão sempre dispostas a amar. Não coincido com os meus sentidos: eles são minha morte. O puro sentir é a morte, onde não há distância entre mim e eu. Na morte, acordo para a vida. |
Morte sem palavrasA morte é sem palavras, quando o silêncio é pouco para se viver. A alma, o amor, são poucos para o silêncio. O silêncio se realiza na minha morte: é quando consegue me ouvir, ser para mim o que sou para ele: amor, amor, amor… |
Na pele do outroFicar, ficar… habitar a pele para sair da pele do outro, é ser eterna na pele do outro. Na pele do outro eu sou eu, sem ser para o outro o que sou. O que eu poderia ser para o outro?! Nada! Nada no outro fica em mim, por isso, fico na pele do outro, como se fosse minha pele, e me misturo comigo mesma nesse rasgar-me sem pele de mim, resta apenas lembranças apagadas na minha solidão. Lembro apenas de ser só. Penso ser a pele do outro, o outro em mim. A minha solidão, marcada na pele, como tatuagem, se colore. O outro não sabe da minha solidão. A pele fere a alma, sentida como alma. A única atitude da pele é refazer a solidão em ti: para que sobreviva ao meu amor. A pele do outro é meu frio de viver. |
Há uma sombra no meu pensarA visão necessita da cegueira, assim como o bom necessita do ruim. A morte é o anterior do ser, é quando tudo se acalma, e o mundo é mais mundo. A permanência é um vício que tenho largo nas alturas de mim. A alma é ilusão de quem vive. O olhar é transparência da alma no nada. O fim da alma é o ser. O ser é falta de outro ser, na convivência com o real. A vida me afastou das pessoas, não de mim. A vida fica bem distante das pessoas, do mundo, do além. A morte é o ontem amanhecer. Antes de ter alma ser na alma o que a vida é para mim. |
Mansidão nas entranhas da morteA mansidão das entranhas da morte entra nos meus poros, cria raízes. Minhas vísceras se perdem em morrer. Morrer pelas minhas entranhas. Morre de si mesma. Nunca morrerá por mim: por isso, não sinto sua falta. |
Meu ser indivisívelMeu ser indivisível é uma troca de permanência. A alma falha na permanência. A alma não é permanente. A permanência da alma é a falta de alma. A vida é a permanência de Deus. Ser é não ser, assim como o mar se esconde no universo. |
Morte indiscutívelNão consigo parar de morrer, por nunca morrer. Arrancar o arrancar de mim, como um sonho. O céu extenua como um sonho. O cansaço do céu é o seu sonho, seu céu. Perceber o não ser em mim é ter alma. O olhar é o nada do pensamento. Não se pode definir o real. Sem o real a vida seria perfeita. Falta muito para eu viver, falta tanto, é melhor não tentar. |
Conviver com a mortePela invisibilidade nasce o nada, para tornar visível o invisível. Eu, por mim, não sou desespero. Eu, de mim, sou desespero. Do amor nasce a paz de morrer. A paz de morrer está visível: no sol, na sombra de ser, na vida, nos sonhos: no sol de ser. O sonho é o instante inexistente que faço existir. A sensação é a única morte sofrida. Ter sensações é conviver com a morte morrendo. |