Não vou partir como o céu, a lua, as estrelas, eles têm uma alegria somente deles para eles mesmos. O céu não me faz feliz como Deus me faz. Viver no céu sem o céu. O céu, mergulhar meu olhar no céu, faz eu reviver o amor, mas era apenas o céu. Sem o céu, não há nada. Vou parar de olhar para o céu, quando ele existir. O céu são minhas lágrimas, minha força. Da minha dor foi feito o céu, mas não me resignei de mim, de sofrer. Há almas que não se explicam, sua explicação está no meu olhar. Às vezes, pareço ver minha alma no céu, longe de mim. Eu sei que o céu sempre está no céu, pois escurece abertamente meu olhar no céu. O céu é a esperança de depois. Olho para o céu, me descubro mais só que o céu. A solidão é apenas a existência do céu no meu olhar, na minha alma. Viver, apenas para perceber que existe o céu. Vejo o céu pelo indefinido de mim, que conclui o céu. Conheço o céu apenas em mim. Vejo um céu previsível, sem detalhes, surpresas, expectativas, por isso me encanta. Não sei se é o céu ou a distância do céu que me encanta. Sei que namoro o céu com as palavras. Para que tanto amor pelo céu? Alguns perguntam. Sei que o céu me faz amar, falar de amor. Nem o amor faz o céu viver. O céu é meu olhar dentro de mim. Custei a acreditar que o céu é o céu. Dentro de mim, o céu é eterno. O céu não se percebe. Nada se esconde do céu. O céu expande a vida, o mundo. O sol é apenas uma parte do céu. O infinito do céu é vazio, mas me fixa o olhar. Tenho lembranças do meu olhar sem mim. Mas, ao olhar o céu, meu olhar se eterniza em mim, que nem a eternidade consegue impedir a eternidade do meu olhar. Há eternidades que duram no céu, outras apenas comparecem, para dizer que existiram um dia. A eternidade não é bonita como o céu. A eternidade não é perfeita, o céu é perfeito, enquanto eu puder vê-lo nas minhas poesias, que não precisam ser eternas para significar algo. O céu não é obrigado a ser eternidade, mesmo que o céu desapareça na eternidade, ele vai aparecer não pelo meu fim, mas vai aparecer pelo fim do meu amor. Como amei o céu, e agora ele desaparece para mim, como se fosse vestígios do nada. Mas, antes do nada, houve um céu, não vou esquecê-lo por não haver mais nada. O céu retornará como sonho. Eu nunca o eu perdi. A presença do céu não se acaba na alma, em morrer. Céu é vida, essa é minha única certeza. Meu medo de morrer se tornou amor pelo céu. Enfim só, enfim eu.