Blog da Liz de Sá Cavalcante

Extremidade

Um ser dentro de outro ser é ausência absoluta. Mas, até a ausência absoluta não é ausência de tudo. O que é intocável na alma é o ser. Não há ser dentro de mim. É mais fácil morrer em ser, deixando o ser para a vida. Apenas meus sonhos te veem, como se eu tivesse alma. Me entregar ao nada, ser feliz, como se tudo fosse o nada. Lutar é não ter forças para reagir sem lutar. Sou frágil no que me fortalece. O amor não consegue imitar o ser. O ser é superior ao amor em suas ausências. São tantas ausências por viver, que o sol se destaca na imensidão do infinito. O sol, sem amor, sua luz não faz ver o amor, talvez o amor não possa ser visto como amor, o vejo como vida. Eu tentei acreditar na esperança, mesmo sendo falsa, ainda é esperança. O abismo é a esperança. Cair dentro da esperança é ser esquecida como esperança. Não há lembrança que dure como esperança. A esperança é o nada sem o sol. A realidade da alma é vazia, a plenitude é vazia, é apenas uma imagem que não se perde, mas nada significa para a vida.