Blog da Liz de Sá Cavalcante

O prazer do esquecimento

Esquecer, lembrança eterna, dura uma vida. Esqueço o inesquecível. Não dá para ficar na lembrança que não me quer. Como lembrar de mim se fui esquecida até pelo esquecer? O mar é a lembrança do esquecimento. A falta de eternidade é a falta de sorrir, de olhar para o outro. O silêncio é uma forma de olhar sem distância. O fim do silêncio é uma eternidade vazia. O fim da morte é sem silêncio, tremula a morte, quer sair da sua voz. O fim é uma maneira de não calar, de não desistir. O fim nasceu morto, como uma morte interrompida pela distância do ser, do amor. Apoiar a morte, lhe dando um fim. O fim não merece a morte. Merece ter vida no que escrevo. Há tanto para escrever, nada para ser. Escrever é mais do que ser. A eternidade de esquecer é muito mais do que eu esperava ter. O silêncio é a concretização do nada, na perda do nada. Decorando a vida com o amor que sinto, afastando a perda do nada, como se fosse minha morte.