É extraordinário morrer como um sonho. É como se eu nunca tivesse tido vida. A solidão é um desejo de agradecer a Deus, mas não me sinto só perto de Deus. É como se o abismo se abrisse para eu não cair. Viver não é extraordinário, extraordinário é Deus em mim. Me sinto morrer sem Deus. Perto de Deus, a ausência do nada é bem-vinda, como se fosse o nada. Para que destruir o nada se ele não é uma ameaça? O tempo é o nada aperfeiçoado, mas aceito o nada sem o tempo, aceito ele como ele é: nulo dele mesmo. O nada não é nada, são as coisas a viver. Extraordinário, as coisas não percebem o nada dentro delas. Talvez, para as coisas, o nada seja sua ausência. A falta que me faz morrer separa o nada das coisas; agora, o nada e a morte são a mesma coisa. Para separar o nada da morte, tenho que dar minha alma para o nada. O nada não pode amar, mesmo com alma. A alma não sente falta de mim, penetrou no nada, isso foi definitivo. A invisibilidade é uma maneira de me ver dentro das coisas, mesmo sem elas serem um fato, existem sem acontecer. Tenho o direito de me perder, para me encontrar nas coisas. O olhar é falta de vida, vivendo vivências vitais, sem a vida. Respirar não depende da vida, depende do quanto amo. Apenas o amor me faz respirar.