A dor não cessa com a dor, nem mesmo eu estando dentro da alma de outro alguém. Nada me faz me sentir eu, não sinto a alma, a vida, o amor em mim. Ainda não há vida, deixa a vida nascer pela escuridão da alma, que não é obscuridade da alma. Para a vida nascer de novo, tem que ser pela luz do nada. A luz do nada está em todo amor, todo olhar, toda vida. Sinto falta da luz do nada, mesmo com a luz existindo. As trevas da luz incendeiam o nada, iluminando a luz. O existir é uma luz que se apaga, para existir na existência do meu olhar. Meu olhar somente existe no não existir, fuga para não morrer. O sofrido não é morrer, sofrido é a aflição de morrer. Deixo mais do que minha vida ao morrer, deixo o meu amor. Mesmo meu amor não sendo mais meu, vou amá-lo para sempre. A alma é um momento de ser da vida, deixo as consequências para a morte. O afastamento da alma não faz com que eu sinta o meu ser. A presença do nada faz com que eu sinta a alma no meu ser. Tudo que era apenas alma é apenas a sombra do amor, mas não é o amor o que eu vejo, nem a sua sombra: é a falta do tempo sem mim.