Blog da Liz de Sá Cavalcante

É pior não ser ainda ou é pior não ser mais?

A solidão, ao menos, tem o amor. E eu, que não tenho? Não ser só é não ter o amor o tendo, sendo o amor vertigem do nada. Ser é tornar o nada um nada. Não ser ainda e não ser mais me tornam um eu em mim. Quando não houver ser para o não ser ainda, é onde nasce o não ser mais, para o não ser ainda. A morte me protege do frio de ser. Mas nada é tão frio, formal, quanto o viver. Viver é o calor da alma, esfria o ser. O tempo é a sombra, do calor e do frio. Isolar o tempo num amor sem fim é esquecer de mim. A alma não me deixa lembrar de mim, para me lembrar do próximo, da vida sem mim. Não me abandone pela minha alma, nem perceberia, me abandone por mim.