A permanência das coisas é a impermanência do silêncio. A permanência é uma suposição de eu estar aqui. A vida acabou, mas o que fiz pela vida não acabou. E continuo a fazer. Realizo-me sem a vida. Quem precisa da vida para ser feliz? Eu não preciso. Preciso apenas me encostar em mim, em meus sonhos, saber de verdade quem sou para mim. A vida não me faz ser eu. A morte ainda sou eu. Enterro quem sou para sentir o Sol da vida. Eu não sei onde ficar em mim, nem no amor que sinto. Tudo acaba depressa para eu existir, viver. Ver o Sol na vida, não na morte. O tempo é a despedida do Sol. Não há diferença entre viver ou morrer. Sou a mesma na vida e na morte. Há muito mais do que vida e morte, há eu e as pessoas que amo. Isto, para mim, é eternidade.
