Blog da Liz de Sá Cavalcante

A insuficiência da alma

Elevar a alma do céu é irremediável. O ver morto vive em mim. Meu corpo deformado por amor. A faca não entra no amor que sinto. Meu coração corre de lugar nenhum, como uma criança que encontra a paz de morrer. No que aconteceu a morte? É difícil saber que morri, encontrar-me na morte, em qualquer sorrir, em qualquer alegria. A sombra da tua ausência é a minha. Sem vestígios de nós, a perda foi apenas mais uma sombra para não ver o deserto da minha solidão. Sou só o desabar da alma no nascer do fim. O fim é uma parede sem segredos. Perdi o desabar da minha alma no nascer de mim. Nunca me refiz. Meu corpo é a vida, é como se eu simbolizasse meu corpo. O tempo mistura os sentimentos. É difícil sentir o tempo no que sinto. O que não sinto é essencial, faz parte de mim também como um sonho sonhado inexistente. Sou a continuidade da minha morte, sem ter o psicológico de mim, sendo o eu de alguém por ter morrido. O eu é diferente do eu que morreu. Ser ou ser é sem resposta, por isso confirma a vida. Ser e ser é a morte. Separação de almas e espíritos se torna amor para a vida, não para o ser. A alma não é insuficiente, apenas não tinha que ser.