Nada posso deixar na morte, nem mesmo o nada. O nada não é a morte. A morte é a esperança traduzida em lágrimas. Não sei se é dom ou um instante não vivido. Saber é o nada a pensar. Não sou eu quem pensa, é o nada, é o momento triste de viver. Os olhos verão a tristeza com outros olhos. Os olhos se veem sem demonstrar nada, mas sentem onde ninguém mais sente. Sentir é despedida. Quero sentir sem me sentir. Sentir é andar onde não se anda. O amor se amar é despedida do amor, é o amor se renovando em uma vida maior que o amor. Quero pensar na tristeza como penso na alegria. A alegria se dispersando no vazio divino, para haver o haver sido vida. A vida é o fim de haver sido vida. A vida faz a mente não funcionar. A mente é a distância da vida no sobreviver do corpo.
