Blog da Liz de Sá Cavalcante

No fim de mim não há fim

Escrevo ao me queimar como o subjetivo da palavra. A palavra faz sofrer. Eu vivo nas palavras. O tecido das palavras é onde faço as ausências do mundo resistirem às mais abandonadas respirações, comigo a respirar no fim de mim. Escrevo no fim de mim em um Sol de poesias. No fim de mim, sou a escrita sem palavras. Mar, encosta na minha morte e me banho de mar, no que existe não existo mais. O mar é a lembrança de morrer onde as estrelas me abandonam para eu viver. Nada traz a vida de volta. Preciso desaparecer sem vida, senão o nada não será nada. Descubro a alma na fraqueza de mim. A alma é forte na minha fraqueza. Para ser o nada, interiorizo a alma. Voltar à alma é um acidente. O mundo se faz de alma. A alma não conhece a escuridão. O tempo é a escuridão do mundo para estar no mundo. Nada há nesse ficar no mundo. A vida não cura a alma. Alma é um interior potente em sua fragilidade. O que de alma sou eu e o que é apenas da alma? O respirar autêntico é a alma, adoece no que respira. Os olhos da alma se fecham, a alma morre. Os olhos da alma são meus olhos para nada de mim ser alma, mas os olhos da alma se abrem. Consigo viver. Amo aquela alma em mim, dependente. Segurei a alma para ela viver do calor do meu corpo. A alma é superficial, morta. Estranho a alma sem o sofrer, sem a vida. Fica abandonada a alma doente. Ela poderia ser meu amor, mas sofre como eu. Sofrer é não dar adeus à alma. Ela já me deu adeus quando a amei. Não canso de amá-la. Vou morrer amando a alma.