O fim não tem a ternura. Sua ternura é o fim. O fim é a vida no corpo. O limite do corpo é o nada a desaguar na morte. A morte não entra no corpo, faz-se corpo. A morte me torna forte. A vida me deixa frágil. O tempo é para os frágeis. Ninguém é forte para o tempo. O tempo se faz de tempo, e sua existência na falta de existência. Não se pode viver o tempo. O tempo é o adeus de Deus. Deus é uma forma de me despedir. Nada se revela, mas funciona. O olhar torna tudo nada. O nada não quer ser um olhar, mas o olhar não alcança o nada. Envolve-se nele e vive nele. O olhar não está acima de Deus. Deus pertence à sua morte. Nada é pelo outro. Tudo é apenas para si mesmo ou parece ser, por isso o vazio não pode ser minha morte. Vivo a morte do olhar como se fosse minha morte. Morrer por um olhar alheio a mim é não sonhar. Sonhar parece ser eu na minha morte, mas o tempo morre por mim. Estou anestesiada, não tenho forças para morrer. Morrer traz segurança ao espírito. Falta de força é a realidade da coragem. O ser e o nada são um esquecer na luz das trevas.
