Blog da Liz de Sá Cavalcante

Para mim, sem meu eu

Onde esconde meu corpo? Preciso dele para o seu fim. O tropeço sem corpo é alma, é sempre. Ninguém se adapta à alma. A alma é inacessível. O Sol se descobre na alma. A alma é a vontade do Sol de nascer. Os dias terminam no Sol e eu não tenho noites. Se não sou meu próprio amor, quem sou eu? Um risco na vida, uma falta ou sou um outro amor? Convivo sem lembrar das vivências, repartidas com um amor que não é meu. Eu sou a distância do teu mar. Meu corpo nunca existiu, portanto não pode ser enterrado. Sobrou eu sem mim, em um amanhecer aterrador. A ausência e a falta da noite tornam-se dia. Muitos dias virão para eu lembrar, idealizar a noite como uma promessa de depois. Dias e noites serão o fim da vida, o meu fim, mas o fim é tudo que conquisto. Muitas vitórias tive no fim. E se agora fracassar, estarei feliz, pois sou humana. Tive o mesmo fim das minhas poesias. Estou íntima de mim. O mundo lá fora não é mais uma agonia, é uma recordação do que precisei passar para ter um fim.