Blog da Liz de Sá Cavalcante

Saudade

A saudade não é medo vazio, mas são as coisas boas que não podem ser inesquecíveis, por estarem dentro de mim, senão eu morreria de amor. Amor é a inexpressividade da alma. Lembrar de mim não me traz de volta. Saber ser eu no voltar e no partir. O fim do voltar e do partir é lembrar. O partir tem a mim na poesia. Falo apenas na poesia. O surdo, mudo espírito, sem coração, ainda ama. Minha imagem é o meu espírito. Meu espírito me corrói, dando um fim à dor, à tristeza. Dei um fim ao espírito com poesia. Tornar a vida uma vida a faz cessar, sem a liberdade do fim. A liberdade do fim é uma poesia inacabada, que empresta seu fim a mim. Meu corpo, flagelado de poesias, concretiza o corpo, e a saudade vai embora com minha alma. Enfim, respiro. Como a vida, tudo me toca, até o respirar, até a vida, que me faz escrever.