Restringir a alma ao espírito é morrer no não ser. O céu é o infinito do olhar no mundo e exclusivo de Deus, que exclui Deus no esquecimento eterno de Deus, que nos faz lembrar de Deus. Nada percebeu o partir de Deus. Nem Deus percebe que partiu, e partir tornou-se Deus. Deus parte sem abandono, sem otimismo, apenas há resignação de alegria, uma resignação de luz. Eu sinto luz ao abraçar. O ser não tem consciência, tem Deus. Suave a morte como um corpo a respirar o amor da morte. Respirar é ser na morte o que não fui em vida. Ausência vem, ausência vai, eu pareço estar no mundo, mas estou na minha ausência. E a ausência partiu, ficando ainda mais em mim. Ouvir a alma é minha ausência. A emoção não fica na alma. A emoção é a alma correndo em busca do que já conhece. O fim é o conhecer eterno sem o ser. No desconhecer, o ser é eterno na desconfiança do fim: a consciência.
