A flor faz-se em uma alma desbotada, no prazer eterno de me despedir: para ter corpo, ter alma. Ter para sentir autonomia no nada. A demora da vida é o tempo. O tempo imaginário é aquele em que fico no tempo. O tempo deixa a alma aberta apenas para soluçar saudades. Há pouco Universo na alma, por isso é visível. Nada falta na saudade, falta apenas ser. O ser não consegue ser sem saudade. A saudade é a essência do ser. Desligo-me na alma, em um saber eterno. A vida não me deixa esquecer de mim, nem mesmo ao morrer. Morrer é algo a mais na alma. A alma se deixa ver na minha imagem. Tudo adivinho na solidão do meu corpo. Tudo sonho, mas nada acontece. O sonho da alma é ver o Sol nascer. A ausência quer ser nada. O nada é divino. Não dizer é o infinito falar, é apenas o fim que não foi escrito. O alívio de morrer é sem eternidade.
