Blog da Liz de Sá Cavalcante

Em carne viva

Não conheço a lembrança de ser eu, mesmo em carne viva. O céu é a pele de Deus. A vida se responsabiliza por Deus. Deus tem vida? Não. Deus é amor. É raro respirar vida. A vida respira por mim. Não conheço a linguagem do respirar. Memórias de água em um oceano sem mar. O nada na memória sou eu. A memória infinita sem mim é porque tudo está bem. O desaparecer desapareceu; a vida apenas não aparece. Nada fica, tudo se possui. A vida trai Deus. Deus jamais trai. Despertar o ser aí para um não vida. O ser aí ainda é um ser. O ver da ilusão são cinzas do pensar. Nada penso no pensamento vivo. O lamento do amor é o sonho. Procuro a procura, mas nunca é o que encontro em mim. O sentir é a procura da alma dentro do sonho não sonhado. A alma cura o sonho de sonhar comigo. Eu vi o meu sonho, por isso morri. Nunca a vida se entrega a mim. Pode ser eu. A vida também morre só. Alcanço o Universo e não me percebo. O mar se dissolve em areia. Na inconsciência, o mundo está diante de mim. Não há mundo na consciência, nem solidão. Há apenas a consciência. Ela existe até na consciência do nada. A ilusão da ilusão é o real de um sonho. Acreditar não é real, mas está dentro de mim. O mundo brilha, o Sol se apaga para não ver o mundo, e assim eu existo.