Blog da Liz de Sá Cavalcante

Em mim há apenas poesias

A minha inconformidade é a conformidade de Deus. Deus encontra respostas na falta de respostas. Eu, que não tenho respostas, faço da poesia uma resposta ao amor de Deus. Não lembro da vida, sinto-a. Vejo o irreal no real de mim. Não existo como o não existir. Não existo absorvida na falta de adeus, que é o silêncio da vida. A vida é apenas parte do meu corpo. Meu corpo é mais do que a vida, é o meu Universo. Minha alma está perto de mim, isenta de mim. Minha alma é a poesia. Muitos são felizes e não vivem; eu vivo e não sou feliz. Não sinto totalmente a tristeza, senão veria que é feliz como é. O perto de mim é distante, como um amor sublime, eterno. A vitória de ser pertence ao fim de ser. No fim, aprendi a estar em mim. Estar em mim, sem mortes, sem pausas. Multiplicar a morte ao infinito, para a morte não ser mais nada. Sinto falta da morte quando amanhece. O amanhecer sem morte é triste, pois dá a sensação de nunca morrer. Preciso muito sentir. A poesia escreve sobre mim na minha morte. Assim deu nome, significado ao seu vazio: esperança de me ver.