Blog da Liz de Sá Cavalcante

Sonhos de sonhos

A escuridão é aprofundar-me no que não vejo. A consciência de mim é a morte na consciência alheia, sem dono(a). Esquecer a realidade não cessa a consciência, pois ainda existe fala, mesmo sem ser. É a fala do nada que deixa minha fala sem argumentos. Da fala nasci, como se cada palavra falasse em mim. Assim, a alma ressoa como se fosse o vento. A carência de espírito é falta de cultura na alma. A carência de espírito sou eu a deslizar no meu amor. O espírito empobrece a alma. O ser da alma é ilusão. A ilusão de ver é verdadeira. Ver protege os sonhos de não viverem, serem mais do que eu. No sonho, nada sou. É triste não sonhar no adeus. O sonho acaba e a vida não começa. Com o real não sei lidar para haver vida. Tudo para mim tem que ser sonho, onde a voz faz o ser por um sonho. Impressionante a vida não ter sonhos. O silêncio da minha pele são vidas inexistentes a sussurrar a morte. A consciência começa no amor e termina na dúvida do amor. O tempo não reage ao amor, mas à sua falta de amor. Não é natural o tempo não amar, não ser. O coração balança-se na vida: para esquecer o vento da existência, que arrasta o nada para longe da distância de mim. Morrendo, a consciência não está só em mim.