Blog da Liz de Sá Cavalcante

Perdi minha alma para o amor que sinto

O céu nasce das mortes livres para ser. Sou sempre morta, mesmo viva. Nada se pertence na solidão, nem a vida. Vir a ser é nunca ser. O ser são todos, é nenhum. Não há ser no ser, há ser na alma. A vida é exceção. O nascer do céu é como se os mortos estivessem vivos para ver o céu. Vendo-me no céu, compreendo a morte. Céu, onde estava quando vivi de céu? Agora tenho o céu. Não consigo viver de céu. O céu é o desequilíbrio do mundo. O céu não se faz em céu. Não há mistério em ser: basta ser. A saudade faz-me ser ainda mais. Saudade de mim é amor. Compor a vida é necessitar de Deus. O encanto e o desencanto são um único amor, amor de generosidade, força de eternidade. O espírito é a falta de amor, por isso o espírito é feliz. O amor é o fim do espírito, é a sua solidão. Nada de novo em viver, apenas o esquecer não é o mesmo esquecer de ontem. O espírito é a falta de identidade de Deus. Se Deus é espírito, Deus não é livre, ou eu que não sou livre para o seu amor.