Blog da Liz de Sá Cavalcante

O absoluto

Escutar é o sim da alma no absoluto de mim. Nasci ao falar cada palavra: vivência vivida só em mim. O absoluto nada pode falar do que eu disse. A falta de ausências é a anormalidade do ser. O que fiz para ser ausente? Escoa a alma. Escondida, a alma manifesta-se. Minha voz esconde-se de mim. Falo sem voz, em lampejos de indiferença. Apenas eu me sinto assim: solta, sem ar. A voz é o não saber, sem dúvidas, receio. Deixei minha voz falar apenas para respirar este momento de ilusão. Respirar sem firmeza, no vazio de respirar. Nada se respira sem sonhar. Respirar é sonho que entorpece a alma. O tempo se foi sem sonhá-lo. Meus olhos sonham em mim. Sonhar é falta de inspiração. A alma inspira-se em mim; não se inspira no céu, nas estrelas. Ao me separar de mim, grudo em mim, agarro-me em estrelas, no não morrer. A morte é contra a natureza do ser: viver. O céu cessa amando-me. Sonhos nunca têm fim, nem mesmo no pensamento, nem mesmo no amor. O amor segue só, pois não pode levar todos com ele. Por isso, ainda é amor. Como sentir o que sinto? O Sol do nada é minha vida. O nada é esconder as ausências de mim. O nada é sem ausências. A ausência é o frio a despertar a alma. Não consigo dormir com a alma, viver com a alma, mas sorri na alma. O que posso ser para a alma? O corpo não é alma. Alma é nunca me despedir da vida, mesmo morta. O infinito não tem dimensão. A dimensão do infinito é a alma crua, nunca despida de si. É preciso coragem para ter alma: enfrentar o amor, amar apenas o desconhecido. Mágoa no nascer é a eternidade do nada na eternidade da vida. Sou incapaz de ter um corpo, mas o tenho pela falta de amor. O absoluto é a morte.