Blog da Liz de Sá Cavalcante

É inesquecível esquecer

Escrever, parte de mim que não foi esquecida na lembrança de Deus. Fugindo do medo como um Sol amedrontado de amor, nas curvas do tempo. A morte é um pretexto para o fim. O irreconhecível na alma é o seu amor. O nada salva uma vida. A morte de dentro de mim é a falta de me aceitar o pessimismo. Senti-me bem com a morte. Ela coube em mim. A morte é união, não é afastamento. A vida é acorrentada pelo nosso amor. A imagem do objeto desaparece: dá luz à vida. Renasci da morte. Meu corpo é para não sentir o inferno (a vida). Eu não quis a vida: ela me quis sempre mais. Vivo sem me sentir, por isso sinto a vida. Tudo é pouco para o nada. Meus olhos são feridas abertas da vida. Nada vejo com meus olhos. Meu olhar é vazio de não ver e vejo pelo meu silêncio. Esqueço o que não vi, mas existe em mim. Não preciso ver a morte. Não é renúncia, é um adeus perdido no infinito da falta de ver. Assim a imagem descansa, no não ver em mim. Meus olhos permanecem; o ver desaparece na morte, como uma poesia secreta que eu vejo no meu não ver. O Sol se vê na minha poesia. Sou a razão do amanhecer. Conheço o amanhecer pelas minhas poesias.