Blog da Liz de Sá Cavalcante

A permanência da impermanência

A permanência não tem o azul do céu, mas é o meu ser, minha vida a amar. Não é estranho passar da impermanência para a permanência. Meu olhar é minha permanência de pensar. A vida é permanência e a impermanência do nada, mas não é permanência ou impermanência do ser. O ser é só por lutar por mim, meu ser é tão inexistente, por isso, a alma pesa e não me assusta. Se o nada vive, não preciso viver. A eternidade se manifesta na sua origem: no nada. Escreva-me sem palavras, eternidade. A vida é um grito de socorro. Nada na alma se ajuda. Força, coragem, onde estão? Estão bem no fundo de mim. Quanto tempo durou minha última alma? Não sei. Cada um tem a alma como pode. Distante de mim, não sinto o nada. A distância tem me feito ver e ficar distante de mim, com a docilidade da ausência. A ausência se repete de corpo em corpo, vida em vida. Desculpe a minha vida: te desconhece. Dormir me desperta. O infinito e o absoluto são formas de não pensar, sem resignação. Me leve a mim. A alucinação é uma forma de pensar que não me atinge, não me distancia. A distância não sustenta a alucinação. Eu sou tua alucinação? Não há nada que tenha razão para existir. Existimos aprisionados no existir. Se a vida fosse alma, seria fácil viver. A vida tem consciência, sou irracional perto da vida. Deixa eu espremer minha alma, até não sair mais de mim.