Não dá para questionar o inquestionável. Saudade é meu olhar na alma, em mim. Ao fechar os olhos, desapareço, como sendo presença da vida. A alma gelada, sendo a dor do eterno, para conseguir morrer, abraçada em mim. Abraçada em mim, pela ausência de si mesma. O olhar se torna imagem da vida, onde, mesmo sofrendo, não sinto o sofrer, estou anestesiada pelo meu próprio sentir. Falta tão pouco para eu morrer, que não vou morrer. O tempo é um descuido do nada, o nada queria ser o tempo. Mas, o tempo, sem o nada, não existe. Contestar a dor é cessá-la, no perdido em mim. O silêncio, luz da dor, se perde na escuridão das palavras. Nunca saberei o que é luz e o que é escuridão, por isso abraço a dor, no absoluto do meu ser, para esquecer o que é viver: é ficar onde não se estar. Distante do nada, onde o vazio não quer saber do nada, mas sim de mim; mesmo assim, não quer meu amor, quer apenas minha companhia, apenas se sente amado numa companhia sem amor, continua vazio, mas é feliz, pleno de mim. Sabe mais de mim do que meu amor, por isso morre, não por necessitar morrer, mas por descobrir que me ama.