Blog da Liz de Sá Cavalcante

Evidência autista

A evidência do mundo não sabe do mundo. A evidência do nada sabe do nada. Além do profundo, a morte. Minha alma se cura da morte com a morte. Me defendo da morte com minha pele, com o ar da morte em mim. O ar é a morte interior em busca da morte exterior. Do eterno, resta a eternidade do ser. A alma, para ser boa, tem que ter espírito dentro dela. Parecer alma não é ser alma. O abismo do espírito é a alma. Se a voz da consciência for amor, não será escutada, nem pela própria ausência. O mundo dos fracos é a presença. O mundo dos fortes é a ausência. Tudo desaparece sem cinzas. O olhar é comum na ausência. O espírito do olhar não tem vida. Cinzas do morrer é o vir a ser. O corpo se refaz em cinzas. Cinzas de flores como lembrança eterna. Lembrar do vazio não torna uma lembrança, lembrança de mim. Não sou vazia, me vou com o vento. Isolo-me em ventos misteriosos, e a falta está completa, plena. A morte é a salvação do mundo. E se eu for tua vida, depois de eu morrer? Fará da minha morte tua consciência. A consciência do nada foi me abandonar. Dormir me desperta do meu abandono de mim. Meu corpo é um sonho inerte. O amor é negativo, nunca será um ser. O significar é minha morte. Mas, sem significar, também não vivo. O significar é a certeza de que nada existe. Existir é um sonho sendo humano ou divino. O nada me olha como se soubesse da minha inexistência: no fundo não vê nem minha inexistência. Assim, a alma do vazio não se cala, se dá às estrelas. A evidência é o nada como inexistência. O nada como inexistência é existência.