Blog da Liz de Sá Cavalcante

Rosto de alma

É possível o impossível? É possível um rosto sem alma, em um rosto de alma? Não se pode ver o nada visível do amor. O nada invisível é ver o amor me vendo nele. Ver não é amor. O amor é esquecer a vida até eu esquecer o esquecimento. Ver é sem realidade, sem intimidade em ver. Ver me separa de mim. Ver é invisível, como o véu da vida que cai, deixa a vida invisível. Ver, pedaço da alma inutilizado, tão inutilizado que não pode ser alma. Seria essencial a alma no meu rosto, única brisa. O rosto é a falta de paz do meu ser. Ser é o jamais de mim. O rosto esconde quem sou. Vou conhecer meu rosto ao morrer. Sou eu no meu amor. O silêncio do rosto é o olhar. Nada pode fugir do olhar. A perda do meu rosto não é uma fuga: é a minha existência. Quero ser vista, amada na alma.