O ser existe antes ou depois de ser? Por isso, o ser nunca é? Começar uma poesia é eternidade. O fim da poesia é o fim de tudo. Não me sinto alma sem poesia. Nada ficou entre mim e a poesia. Nós nos devoramos. Não sei como escrevo no sentir absoluto. O fim não é usado apenas como fim: a morte é poesia. A última poesia é a primeira da minha vida. Entre tantas poesias, nenhuma foi a primeira. O céu engana a poesia: diz ser a poesia eterna: não é. A poesia é o tempo de um abraço. O que diz a poesia sem poesia? Torna o céu material da matéria. Corpo é matéria. O sonho sai de dentro do corpo, não de mim. O céu dai de dentro do céu e se torna a liberdade de Deus. O nada faz morrer. Morrer no nada é o significado da morte sem o nada. Defendi a morte, me fiz vulnerável, como uma gota de água no oceano, raso de força, coragem, mesmo assim sou vulnerável, seca por dentro. Antes do ser, a vida era poesia. O ser escreve por não ser poesia. Poesia não precisa ser escrita, perde o valor, ela tem que ficar na alma, como restos de nós. A vida não pode esperar que a poesia se realize. Sou mais do que poesia: eu sou eu. Nada fiz da poesia. A poesia é feliz no nada que emociona. Tudo tem um motivo para existir, menos a poesia. A mudança da poesia para o ser é a alma. O desaparecer não é ser, não é morrer: é poesia. O tempo tem tanto a dizer, se cala como uma poesia de amor. A morte transcende em mim. A morte não é mais poesia: é a minha frieza por mim mesma. O que se vê do céu é o nada. Olhar o céu é morrer. Compartilhar a morte com o céu é vazio. Não me fiz eu para mim. Sou o outro em mim. O vazio domina a morte. Sentir é morrer por mim. Nada se torna morte. Ser minha alma e ser eu é me dividir entre mim e o mundo. Morrer é inocência da alma, em que o ser é contra a alma. Nada na alma é consciência. Mas não é inconsciência, é apenas inconsciente, como o florescer da alma em mim. Não existe nascer em nós, por nós. O abandono da alma não consegue nascer em mim.