Blog da Liz de Sá Cavalcante

Perseverança

A perseverança é o sol do universo em palavras. O amor se desespera por aflição. O nada é o desespero infinito sem morte. O céu tem fim. O ser na morte é abstinência do nada. A morte é o único adeus interior. A alma, fala interior, muda como um espelho. O espelho fala mais que a alma: fala por imagens. O som é a imagem de Deus. Me consolar é morrer. A imagem condena o ser a sua imagem. O ser é separado da sua substância por um nada, que é o nada em Deus, que é Deus em sua imensidão. Deus se apaga em sua imensidão, por um pouco de vida. Vida, que Deus sabe que é necessária apenas para o fim do meu ser. Então por que sonho tanto com a vida? Não a alcanço, se eu a alcançasse, ela perderia seu significar. O mundo é o ver sem Deus. O silêncio de Deus é o ser Sem o ser, a fala de Deus é o universo. O universo é o silêncio abandonado sem solidão. Solidão é não ver Deus e me ver. Ver é o fim do silêncio. Não existe fim nem começo nas palavras: existe apenas eu! Nada te fará lembrar de mim, nem a vida, mas lembro de ti, minha tristeza, sem chorar. Deixo o nada a sangrar de amor pelo nada, como um único raio de sol a captar a imagem do meu amor, foi como se todo o sol estivesse em mim. A paz da água, do amor a deslizar no sol, num único amor. Me fascino com o desamor da vida, é quando a vida se acalma no meu colo e recita minhas poesias, que é todo seu pensar, sua força. Seu adeus. O seu adeus é o meu infinito. Meu interior é o adeus da vida, para que eu sonhe tanto e me confunda com meus sonhos. Faço do adeus da vida meu adeus. Percebo uma alegria que nunca senti antes: de morrer no meu adeus sem esse sempre de mim vazio. Eu morri, não deixei de ser eu.