Perdi na alma o luto do que perdi: isso é luto de uma vida existente. O luto é a alma aberta às possibilidades. Voltar à razão é loucura de uma lucidez, que é amor. A lucidez do meu corpo é a alma: determina o nada sem determinação. Sonho com o nada, pois não pertence a nada, não nasceu de nada. Meu olhar nasce da alma. Minhas poesias são a compreensão do mundo, na incompreensão da vida, onde compreendo o ser, sem saber o que ele significa: isso é entender a realidade, a compreensão do mundo. Escrever aliena a alma, me torna lúcida, em uma realidade menos morta. Meu corpo é sem realidade. Não vivo a realidade, vivo meu corpo no meu sofrer. Faço do sofrer o meu corpo. Meu corpo se limita em mim. Minha poesia é uma realidade morta: ressuscita o amor.