É natural morrer na dor, não é natural morrer no morrer. O tempo das palavras é divino. É mais infinito do que a eternidade. Eu olho para o amor no eterno de mim. O tempo da eternidade é a minha poesia. Não abro os olhos para a eternidade para ver seus sonhos, que conhecia como sendo meu amor. A perda da eternidade é a plenitude do amor. Os sonhos da eternidade são a vida. Perder-me para ser eterna e sem vida é contradição. O nada faz nascer o real sem o real da vida. O real da alma é transcendência de pessoas se unindo, abandonando o nada interior. O nada me fez melhor. Operar o nada no meu amor o torna mais nada ainda. Apesar do tudo, existe o nada. Apenas o nada dá conta da vida. O nada só é a minha individualidade, é minha segurança no mundo das almas. O segredo da alma é o ser. A alma não fala do ser, nem mesmo no silêncio. O silêncio me abraça, o corpo me afasta de mim, me faz ser dos outros. E se os outros forem meu silêncio sem corpo? É pura vida. Vida pura que não precisa do corpo de palavras, nem de mim. Nem do silêncio interior. Não é mais eu: é a minha essência. Tempo de palavras para disfarçar minha morte, a maquio com vida.