Blog da Liz de Sá Cavalcante

O espírito da alma

O espírito se dá à morte, como se o espírito fosse superior ao ser. Por isso, não há ser em Deus, não há morte em Deus. Nada muda sem espírito. Ter espírito é não se espiritualizar de morte. O declínio da saudade é o espírito. Espírito é o corpo atravessar o corpo com esperança de alma, que se mistura ao sol, num pedaço de solidão, onde o amanhecer, não é companhia. O espírito do nada é escutar o nada como nada, por isso o vivo: apenas para eu escutá-lo. Escuto-o como se o amasse. O diluir do mar é a vida, é o sol, é a distância de mim, que encurto a vida no diluir do mar. A sensação é um mar aberto. O ser afoga o mar sem mim. Demonstrar-me em mar é ser imortal. A fala é o imortal do imortal. Meu olhar é o amanhã, que amanhece no não amanhecer. Deus é eterno apenas no amanhecer, onde morreu por nós. Nada me faz amanhecer, como se não existisse poesia. Não conheço o existir da poesia, então eu escrevo. Escrevo sem mim. A poesia é o vazio de existir. O espírito da alma me priva de escrever para eu anoitecer.