Blog da Liz de Sá Cavalcante

A poesia e o meu ser

O coração do tempo é minha poesia: um depois sem depois, nuvens sem respirar o vento, no respirar do vento. A emoção não respira, brilha mais do que o sol, que a escuridão. O fim é meu olhar no teu. Estar é presença da volta ao começo, não é a minha presença. O que existe na presença de ser, é a morte separada de mim sem minha presença. Mais do que me perder, amei minha alma. Na alma não há separação. O corpo separa o nada da alma. Tudo se foi sem ter tido alma. Não ter saudade é ter alma. A imaginação morre nos meus braços, deixa meu corpo suspenso no que sou. Poesia e o meu ser são a mesma vida com a mesma dor. Meu coração se foi, estou a pulsar, a bater mais do que meu coração. O silêncio é um amor exposto a tudo. O silêncio são almas se abraçando, o amor a desaparecer por ser feliz, por eu ser feliz. A vida é feliz, sem corpo, alma sem pertencer. A vida não dá força para viver. A morte, força da vida. Nem o céu, nem a morte, alcançam meu corpo, minha alma. Alma é te dizer adeus, nunca a tive. Solidão é não te dizer adeus, é te dizer adeus, sem acabar com o acabar. No auge da minha morte, não te disse adeus. Guardei teu adeus, para não morrer é morri no teu adeus, sentindo teu adeus como se ele fosse eu.