A voz entorpece a alma como um sonho. Pode parecer pouco: é assim que preciso e quero viver. O silêncio passa pela garganta e chega ao coração, assim, não há entorpecer: se torna amor. Busco forças no entorpecer para não me entristecer. Me sinto amar sem forças, de uma forma que nunca amei antes. O sonho necessita de mim. Chorar me dá força. Apenas uma alma rara morre no meu silêncio: isso é amor. Mesmo ao deixar a morte no exterior de mim, não posso não morrer dela. A palavra cessa o amor. Entorpecer a palavra é lhe dar voz. Meu corpo é feito de palavra. O sonho é a última palavra. Não ter alma é sabedoria para viver. É me despossuir do nada, é ficar leve como se fosse flutuar de amor.