Blog da Liz de Sá Cavalcante

Mãos indizíveis

Enfrento a vida com as mãos indizíveis. O ser não convence o ser da sua existência inapreensível, tão incompreensível quanto o ser. O nada não isola minha saudade com ela perto de mim. A morte está ultrapassada, como quem não quer ser nem na morte. A morte está a minha frente, onde o sol não chega. O ar de sol me faz ver apenas coisas boas. Onde as minhas mãos intocadas tocam-se, refletem a morte, que não possuo. Parece até que tocar é destruir. Sinta no tocar, amor, minhas mãos irão te amar. Não se pode dar um fim ao amor. O que é o fim do amor? O ser. Há necessidade de amor? É impossível afirmar o ser sem a morte. Mãos indizíveis se dizem na morte. O silêncio, sem mãos, traduz a morte sem dor.