Blog da Liz de Sá Cavalcante

Sinceridade de sofrer

Extrair a alma do nada é amor que se faz só. O amor se faz só, por ter um ser com ele. Dar ao nada o meu amor e não receber, me inspira a ser eu. Me mostre quem sou sem o meu ser, e conhecerá algo mais essencial: minha ausência, meu olhar. O adeus é a sensibilidade do nada. Meu ser existe na falta de pensar: é ausência, a falta de pensar. Não é ausente de mim, essa falta de pensar: é uma presença que participa. A presença é pessoal, íntima. Mas a presença não é íntima de si mesma. A presença é a inexistência de vida, de ser. Fisicamente sou presença de alma. A alma traduz o amor sem presença, na eternidade do adeus. A alma são duas: a da morte e a da vida. Nunca se encontram: assim, nasce o sonho. Apenas o nascer não nasce. Sobrou da alma, a vida. A certeza da alma é o nada da incerteza. A alma fala por mim. É demais viver. A vida é o outro em mim. Sem o outro não há vida em mim. Ser é para ser a vida. A vida que existe no outro, mas ser é vida, até o outro existir. A vida é o negativo do ser. O corpo nada quer de mim. A alma me suga. O corpo não consegue se fazer corpo no ser, nem em si mesmo. Não há corpo no ser, não há falta de ser. Simplesmente não existe ser. Mas ainda há o ser da alma, dentro da falta do corpo. Meu ser é substituído pelo passado.