Blog da Liz de Sá Cavalcante

A razão de se viver

Estou te vendo para não me ver. De que adianta me ver se, ao olhar-me no espelho, não me vejo. Não sou mais eu no espelho: é a minha ausência: gratidão pelo que vivo. Quero entrar no espelho sem imagem, para incorporar o espelho, para sentir a falta de mim, sem sentir a falta de mim. Há a sensação do espelho: de morrer sem minha imagem sem ver o espelho. Mas o espelho ficou no nada de mim. Sou um fantasma que não posso grudar o espelho, apenas pode aceitar minha morte, como se não houvesse espelhos na alma.