Sonho e vida são duas almas opostas. O eco da minha alma são os gemidos da morte. O não sonhado é eternidade. O que chorei não existe mais, tornou-se a alma de alguém que necessita de alma, de vida. Na morte, tudo é sonho raso com a profundidade de existir, como a vida nunca existiu antes, nem existe agora, que sua existência é possível. O ser não é uma possibilidade: tento ser inutilmente. A vida existe se eu renunciar ao meu possível. A renúncia é sem dor, quem sofre é o possível. A renúncia é como escutar a realidade em sua mudez. A realidade não é o que vivo. Vivo pela falta do real. Escutar a realidade é me escutar. Nada está aceso em mim. Viver é fuga. Respirar fere a alma. Falta muito no ser para ser o nada. O depois não é ausência do hoje, mas também não é certeza do agora. O hoje se desfaz no agora do ser. Incorporei o nada para não me sentir um nada.