Blog da Liz de Sá Cavalcante

O tempo sem a morte

O corpo e a alma, unidos, é morrer. Corpo e alma, separados, é vida, eternidade. O corpo e a alma são uma maneira de esquecer o que vivo, o que sou. Distante do amanhecer, penso em mim sem escuridão. A alma vence na morte. Não há alma para minha alma. A alma é um delírio. Não posso sair de mim sem alma. Posso sair sem vida, nunca sem alma. O nada é a única liberdade. O céu não é livre como eu. O céu não esmorece. Ter sempre o que vê, é não viver no que vê. O que importa não é ver, mas importa saber por que dependo de ver para viver. O que há por detrás do ver? A inessência como divina? O meu ser como humano? Como ser sem ver? Pelo amor! Nada refaz o ser do seu isolamento de vazio. O tempo sem a morte é apenas uma luz que se apaga. Todos descansam em Deus, no tempo sem morte. O tempo sonha morrer como nuvem. O ar é a companhia do vazio. Respirar incorporando o ar é eternizar o vazio, no nascer do sol, que não nasce. Estou sempre perto do meu nascer sem mim. O respeito da minha sombra me impede de morrer.