Blog da Liz de Sá Cavalcante

O som do vazio

O som vazio não é o som do vazio. O som do vazio é quando não há mais estrelas na alma, e o céu limpo de amor, a engrandecer o vazio sem alma, perto do céu. O que não é sim, não é silêncio, é o sussurro de ver. Notei que nem o barulho nem o silêncio tem a presença de ver. Vou fotografar minha mente na minha alma, para saber onde a perdi, como encontrá-la por ser apenas alma. Transcender sem pensar é o melhor transcender. A ausência é o transcender absoluto. A ausência não é falta de pensar: é o meu ser no pensar. Nada é a imensidão do ser no meu ser. O recuo ao nada é a imensidão do céu na imensidão do ser. Recuar no nada é compreender o universo com o olhar, separando o nada do sentir. Sentir, nada significa na alma, mas para o nada tudo significa. O tempo dá significado ao sentir. Não sei mais qual o tempo real e qual é o tempo verdadeiro. O tempo não se perde no pensamento: se torna meu ser, minha alma, minha perda de mim. O som do vazio é a superfície do meu ser, onde posso, enfim, respirar. Respirar é a realidade ainda morta. Vou me refazer do não morrer ao sonhar, deixando a vida no campo dos sonhos. Apenas o sonho disfarça sua dor. O sonho não pode ser o silêncio que morre ao seguir os passos da solidão sem solidão.