Blog da Liz de Sá Cavalcante

Me consumir (me destruir)

A multiplicidade de sons na morte me faz não escutar o último apelo da vida. O sonho enterra a vida. A alma descoberta no fundo da morte. A vida vive do seu fim. Esse fim somos nós. Vivo duas vezes: uma para esquecer a vida, outra para lembrá-la. Lembrar e esquecer é uma só vida, perdida na lembrança do esquecer. Nada pode se destruir no esquecimento. O esquecer tem a firmeza da alma. Abrir o sol na permanência da morte. Ver a morte no sol: permanência da alma. Não há sol na vida. O tempo trará o sol de volta à vida, pelo meu ser, pelas minhas poesias. Poesia é um instante só no mundo que se estende pela eternidade. Eternidade é presença do sol na minha vida.